Curitiba: CIC vive nova onda de desenvolvimento, com investimentos de R$ 2 bilhões e abertura de empresas

Maior bairro da cidade, a CIC, que desde a década de 70 concentra o pólo industrial do município, vive um novo boom de desenvolvimento no pós-pandemia, com melhoria de infraestrutura, crescimento acelerado de novos negócios e abertura de empresas.

Somente entre projetos industriais já anunciados, são cerca de R$ 2 bilhões em novos investimentos nos próximos três anos. Comércio e serviços de pequeno e grande porte e empreendimentos imobiliários também vêm em ritmo acelerado.

A CIC foi o bairro mais procurado para abertura de empresas no primeiro semestre de 2022. Lá, foram abertas 2.761 empresas nos primeiros seis meses do ano – 2.209 prestadores de serviços e 552 comércios, segundo levantamento da Secretaria de Planejamento, Finanças e Orçamento.

O bairro ficou à frente do Centro, com 2.130 novas empresas, e do Sítio Cercado, com 1.820 novos alvarás. Sozinha, a CIC respondeu por 8% das aberturas das empresas na cidade, de 35.123 no período.

“A nossa CIC, que completará 50 anos no ano que vem, é um exemplo do processo de aceleração da economia do município. Temos melhorado a infraestrutura em todas áreas, de saúde à educação, de pavimentação à segurança. Isso, em conjunto com o pólo industrial consolidado, a localização e o grande fluxo de pessoas, tem atraído mais investimentos, emprego e renda” diz o prefeito Rafael Greca.

Investimentos são retomados pelas empresas

A Volvo, que produz caminhões e ônibus na sua fábrica da CIC, anunciou investimentos de R$ 1,5 bilhão em novos projetos de pesquisa e desenvolvimento entre 2022 e 2025. No fim de junho, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) anunciou o investimento de R$ 200 milhões para os próximos dois anos em uma fábrica de vacinas na CIC. A alemã Horsch, fabricante de máquinas agrícolas, pretende implantar uma unidade no bairro nos próximos dois anos, com recursos de R$ 200 milhões.

Com 43 quilômetros quadrados de extensão, a CIC reúne cerca de 20 mil empresas, que geram cerca de 80 mil empregos diretos e indiretos, segundo dados da Associação das Empresas da Cidade Industrial de Curitiba (Aecic).

“As empresas sofreram muito com a pandemia. Agora começam a retomar investimentos. Nas grandes indústrias, eles se concentram principalmente no aumento dos índices de nacionalização dos seus produtos, já que o dólar encareceu as importações. Essa estratégia ajuda a movimentar a cadeia de fornecimento local, criando um efeito multiplicador” diz João Barreto, diretor administrativo da Aecic.

“A Prefeitura tem feito sua parte, não apenas em melhorias de infraestrutura, mas também em fomentar um ecossistema de startups de tecnologia, por meio da Agência Curitiba, que podem ser fornecedoras das grandes empresas instaladas aqui”, acrescenta Barreto.

Os investimentos se espalham por vários segmentos e não se restringem às indústrias, segundo Raphael Keiji Assahida, administrador da regional CIC. “São de pequenas a grandes empresas, do varejo às prestadoras de serviços e aos empreendimentos imobiliários”, lembra, ao citar, por exemplo, o novo espaço residencial que será construído pela MRV no terreno do antigo hotel Mabu, em frente à sede da regional.

O empresário Antonio Carlos Toledo é um exemplo dessa nova leva de investimentos. Dono da Toledo Comércio de Carnes, ele abriu a loja em março desse ano.

“Eu resolvi vir para cá justamente por conta da localização. Com o terminal da CIC e vários comércios, há um fluxo de pessoas maior na rua, o que eu não tinha em Santa Felicidade, onde ficava nossa outra unidade. Lá, eram sempre os mesmos clientes, a chance de crescimento era menor. Aqui, a oportunidade de venda é maior, ainda que o cenário econômico esteja desafiador para todos”, afirmou Toledo.

Nova geração aposta no crescimento do bairro

Uma nova geração de empreendedores, formada por trabalhadores ou ex-funcionários das indústrias da região, também tem puxado o crescimento do bairro.  É o caso dos irmãos Richard e Elmo Corsi e do sobrinho Marcio Mello, que há oito meses abriram em sociedade a Corsi Multimarcas, revenda de veículos seminovos.

Richard trabalhou na Bosch e hoje atua como construtor. Marcio trabalha na fábrica da Mondelez. “Todos temos outras atividades, mas estamos apostando em um negócio novo, queremos crescer aqui. Nasci aqui no bairro e as oportunidades existem”, diz. “Aqui tem tudo, escola, posto de saúde, supermercado, asfalto novo. Mais pessoas estão vindo morar aqui e mais empresas estão abrindo”, completou.

Segundo levantamento da Secretaria de Finanças, comércio de vestuário e acessórios, restaurantes e similares, distribuidora de bebidas, promoção de vendas, escritórios administrativos, empresas de transporte terrestre, cabeleireiros, manicure e pedicure estão entre as atividades mais procuradas no primeiro semestre para abertura de empresas.

Seleção de trabalhadores cresce

Os novos negócios já começam a gerar novos empregos. O Sistema Nacional de Emprego (Sine), do governo federal, não disponibiliza dados de vagas geradas por bairro, mas a seleção de trabalhadores tem crescido, com várias ações de triagem relizadas por meio de parcerias entre as unidades do Sine na regional, Fundação de Ação Social (FAS) e as empresas.

Curitiba vem se consolidando entre as quatro capitais que mais geram empregos no País. Foram 20.307 empregos com carteira assinada de janeiro a maio de 2022, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Obras vão do asfalto à cultura

A CIC vem recebendo várias intervenções da Prefeitura para melhorar a vida da população no bairro. De roçada à revitalização de pavimento, com o projeto Asfalto no Saibro, até investimentimento em cultura, com inauguração, no fim do ano passado, do Teatro da Vila. Além disso, a CIC vai receber 14,1 km de ciclovias e ganhar a segunda Fazenda Urbana de Curitiba

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Nos últimos 12 meses foram realizados 2.240.320 metros quadrados de roçada, limpeza de 2748 caixas de captação, substituição de 614 ralos, recuperação de 1581 metros quadrados de calçadas, recuperação de 63.370 metros com tapa buraco e 19.500 metros com manutenção de revestimento primário (saibro).

Os moradores também foram beneficiados com recuperação de pavimentação em vias importantes, como a João Bettega, e o programa Asfalto no Saibro levou benefícios para as ruas Ulisses Aurélio Visinoni, dos Palmenses, José Antunes Ferreira e para a estrada da Colônia Augusta.

 

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