Perdendo a Guerra da Comunicação: O silêncio como inimigo
A campanha eleitoral é um campo de batalha, onde a comunicação desempenha um papel central na formação de narrativas, influenciando percepções e, em última análise, decidindo o resultado nas urnas. Em artigos anteriores, abordamos como o silêncio frente aos ataques dos opositores pode ser um erro fatal, mas hoje vamos nos aprofundar nas consequências desse silêncio e nas estratégias para revertê-lo.
O Preço do Silêncio
Quando uma campanha opta por não responder aos ataques, ela permite que a narrativa seja controlada pelo adversário. Essa ausência de resposta pode ser interpretada como uma confissão de culpa ou, no mínimo, uma incapacidade de defender a própria posição. Em política, onde a percepção é muitas vezes mais poderosa do que a verdade, esse silêncio pode ser devastador.
A comunicação eficaz exige prontidão e agilidade. Em um cenário onde as redes sociais amplificam cada palavra e distorcem cada silêncio, não responder aos ataques é como entregar o microfone ao opositor e deixá-lo ditar as regras do jogo. A percepção pública é rapidamente moldada pelas primeiras impressões, e a ausência de uma resposta pode ser vista como fraqueza ou desinteresse.
As Consequências na Percepção Pública
Ao longo de uma campanha, a repetição de mensagens negativas sem resposta cria uma percepção pública que é difícil de reverter. A imagem do candidato começa a ser associada com as críticas, que se tornam verdades aceitas pelo eleitorado. Isso não apenas enfraquece a posição do candidato, mas também desmotiva sua base de apoio, que começa a duvidar da vitória.
Pior ainda, o silêncio pode ser explorado pela oposição como uma evidência de que suas acusações são verdadeiras. Em um ambiente eleitoral competitivo, essa percepção pode ser a diferença entre ganhar e perder.
Estratégias para Romper o Silêncio
- Monitoramento Contínuo: É essencial ter uma equipe dedicada ao monitoramento das mídias sociais e dos principais meios de comunicação, pronta para identificar ataques e responder rapidamente. Isso evita que as narrativas negativas se consolidem.
- Respostas Calculadas: Nem todos os ataques merecem uma resposta imediata. A campanha deve avaliar a gravidade do ataque e decidir se vale a pena respondê-lo ou se é mais eficaz redirecionar o foco para outro tema.
- Uso de Proxies: Em algumas situações, é vantajoso utilizar aliados ou simpatizantes para responder a ataques, mantendo o candidato acima das discussões mais agressivas, mas ainda assim defendendo sua imagem.
- Contranarrativas Poderosas: Em vez de simplesmente responder a um ataque, criar uma contranarrativa pode desviar a atenção do público e retomar o controle da discussão. Isso envolve mudar o foco para um tema que favoreça a campanha e enfraqueça a posição do adversário.
- Engajamento com a Base: Fortalecer a comunicação com a base de apoiadores é crucial. Envolver esses eleitores na defesa do candidato, promovendo campanhas de apoio nas redes sociais, pode ajudar a neutralizar os ataques.
Perder a guerra da comunicação é um risco real em qualquer campanha eleitoral, especialmente quando o silêncio permite que a oposição controle a narrativa. A resposta rápida, o controle da mensagem e a construção de contranarrativas são essenciais para se manter competitivo. Em um ambiente onde a percepção pública pode mudar de um dia para o outro, não se pode subestimar o poder de uma comunicação eficaz e ágil.
*A. L. Rodini Netto, 53, é Jornalista. Tecnólogo em Gestão Pública. MBA em Gestão de Cidades e Agronegócio. Foi assessor de imprensa de deputado estadual. Trabalhou em diversas campanhas eleitorais, tendo participado de coordenações de campanha de candidatos a presidente, governador e deputado. Participou ativamente do ambiente político estudantil e eleitoral entre 1985 a 1996.