Sobe para nove número de denúncias contra clínica investigada por deformar o rosto de paciente no PR
Médica Carolina Milanezi Bortolon Rosa, da Clínica Revive, e o marido, o farmacêutico Tiago Tomaz da Rosa, estão com registros profissionais suspensos a pedido da Justiça. Polícia Civil confirma nove vítimas de clínica de estética
Subiu para nove o número de vítimas que denunciaram a Clínica Revive, investigada por deformar o rosto da paciente Raquel Roseli Demichei Dornelles, informou a delegada de Polícia Civil que investiga o caso Thais Zanatta nesta sexta-feira (31). Assista ao vídeo acima.
O procedimento de Raquel foi realizado em junho de 2023. A paciente alega ter ficado com o rosto duro, cheio de nódulos e muito diferente do que era antes do procedimento. Relembre abaixo.
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A médica Carolina Milanezi Bortolon Rosa, da Clínica Revive, e o marido dela, o farmacêutico Tiago Tomaz da Rosa, estão com seus registros profissionais suspensos desde 14 de janeiro, à pedido da Justiça.
Conforme a delegada, das nove denúncias, – incluindo a de Raquel – foram abertos oito inquéritos. A investigação da nona vítima ainda não começou, porque a polícia está aguardando exames. Uma possível 10ª vítima está em fase de apuração.
Raquel Roseli Demichei Dornelles ficou com o rosto deformado após procedimento estético
Arquivo pessoal
“Eles estão sendo investigados até o momento por lesão corporal grave e gravíssima, exercício ilegal da medicina, estelionato, coação no curso do processo, impedir acesso à informação em dados cadastrais, que é um delito contra o consumidor e também falsificação de docuemtnos particular”,
Além do uso indevido de PMMA (polimetil-metacrilato), a polícia também descobriu o uso de fenol em algumas pacientes. Com isso, as vítimas sofreram queimaduras e necroses pelo procedimento mal feito, segundo a delegada.
Segundo o Conselho Regional de Farmácia (CRF-PR), o PMMA é uma substância sintética aprovada para uso médico em casos específicos, como cirurgias reparadoras, e desaconselhada para fins estéticos, pelo alto risco de complicações, como inflamações, infecções e deformidades permanentes.
Após as investigações do caso envolvendo a paciente Raquel, o casal foi indiciado pelos crimes de lesão corporal gravíssima e estelionato. O farmacêutico também foi indiciado por exercício ilegal da medicina. O inquérito foi encaminhado ao Ministério Público do Paraná.
O g1 questionou o órgão se ele ofereceu denúncia do caso à Justiça, mas não teve resposta até a publicação desta reportagem.
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Investigações e crimes que o casal pode responder
No último dia 17 de janeiro, a polícia cumpriu mandado de busca e apreensão na casa e na clínica dos investigados. Na clínica, foram encontradas e apreendidas cinco caixas de PMMA. Na casa, foram apreendidos documentos relacionados às atividades desenvolvidas pelos investigados.
Segundo a delegada, o casal investigado poderá responder por diversos crimes, a incluir possível falsificação de assinaturas denunciada por parte das vítimas.
“Eles estão sendo investigados até o momento por lesão corporal grave e gravíssima, exercício ilegal da medicina, estelionato, coação no curso do processo, impedir acesso à informação em dados cadastrais, que é um delito contra o consumidor e também falsificação de documento particular”,
“Por que essa falsificação? Porque diversas vítimas disseram a polícia que o farmacêutico escrevia as receitas médicas e em determinados momentos a mulher, que é médica, carimbava e assinava e tem relatos também que ele mesmo carimbava, utilizando o carimbo dela que é médica e falsificava a assinatura”, afirmou a delegada que diz apurar destacou a delegada.
O advogado de defesa da Clíniva Revive, Helio Ideriha Junior, afirma que não recebeu ainda acesso aos novos inquéritos e que as novas denúncias podem se tratar apenas de “oportunismo”.
“Acontece muito oportunismo também nesse tipo de situação, em que pode ter acontecido alguns problemas, e outros buscam se beneficiar disso de alguma forma, agora é evidente que ninguém quer errar num procedimento desses, um erro ou reação adversa, causa prejuízo de diversas ordens para o profissional moral, profissional, financeira. Ninguém erra porque quer errar”, advogado revive.
A polícia não repassou prazo para a conclusão dos inquéritos.
‘Não podia mais me olhar no espelho’, diz vítima
Raquel conta que demorou cerca de 9 meses para entender que haviam feito um procedimento diferente do qual ela tinha contratado.
“No início tinha muita dor. Eu comecei a ter várias alergias. Eu não podia mais me olhar no espelho. Eu eu passei por um médico psiquiatra, para tomar remédio. Nem meu marido me aguentava, porque eu me olhava no espelho, eu me achava feia. Eu quase me separei”, lembra Raquel.
Segundo ela, durante o procedimento relatou ao farmacêutico que estava sentido muita dor. No entanto, ele disse a ela que era um sintoma comum do “Sculptra”.
Em casa, a dor não passou, e Raquel começou a notar que rosto estava inchando, momento que decidiu procurar a clínica novamente.
Ela afirma que, na clínica, foi medicada, e que Tiago disse novamente a ela que o inchaço era comum e fazia parte do procedimento.
Raquel alega ainda que, no local, era medicada pela esposa do farmacêutico, a dermatologista Carolina Milanezi Bortolon Rosa, que dizia a ela que os efeitos colaterais eram resultados de uma alergia.
Segundo ela, até aquele momento, ainda acreditava que se tratava de efeito colateral do procedimento que havia contratado e tinha a esperança que o corpo absorvesse a substância aplicada, como o esperado nas utilizações de “Sculptra”.
“Eu continuei indo porque ele falou: ‘Raquel, você teve um processo diferente. Vai gerar mais colágeno’. Eu continuei inchando e eu pensei: ‘Daqui a um ano, meu corpo vai absorver e vai voltar ao formato normal'”, lembra a vítima.
Após não ver melhoras, a empresária decidiu procurar atendimento dermatológico especializado. O médico que a atendeu suspeitou do produto usado e pediu para ela realizar um exame de biópsia, que indicou a presença de PMMA no rosto da paciente.
Após a história de Raquel repercutir na internet, ela foi procurada por outras mulheres que alegam terem tido problemas após passarem por procedimentos na Clínica Revive.
LEIA A HISTÓRIA COMPLETA: Polícia investiga casal suspeito de deformar rosto de cliente em clínica de estética no Paraná
Em nota, a defesa de Tiago e Carolina informou que com relação ao caso da paciente Raquel, que a mesma assinou um termo de consentimento “estando ciente das possíveis reações adversas” e que a denúncia é falsa e difamatória. A nota diz ainda que o procedimento foi adequado, sem qualquer imprudência, negligência ou imperícia por parte do profissional.
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