Autoridades Portuguesas Investigam Igrejas Evangélicas por Auxílio à Imigração Ilegal e Branqueamento de Capitais

As autoridades portuguesas estão empenhadas em investigar uma série de casos envolvendo pastores e igrejas evangélicas suspeitos de auxiliar a imigração ilegal e estarem ligados ao branqueamento de capitais. De acordo com informações do jornal ‘Expresso’, as investigações revelaram aproximadamente 10 casos nos últimos três anos.

As suspeitas recaem principalmente sobre pequenas congregações com ligações à América Latina. Essas igrejas são acusadas de convencer fiéis estrangeiros, frequentemente pertencentes a estratos sociais mais modestos, a viajar para a Europa em busca de oportunidades de trabalho. No entanto, muitos desses imigrantes acabam se tornando vítimas de seus recrutadores e ficam reféns do sistema, conforme fontes judiciais relataram ao ‘Expresso’.

Recentemente, a justiça portuguesa proferiu condenações em um caso que envolveu dois diáconos evangélicos, sentenciados a mais de quatro anos de prisão por 64 crimes de auxílio à imigração ilegal. O processo incluiu um total de 38 arguidos, e o tribunal concordou com a tese apresentada pelo Ministério Público. Segundo o MP, os pastores e seus familiares teriam criado empresas fictícias para trazer imigrantes de famílias carentes para Portugal, prometendo empregos para legalizá-los no país. O esquema envolvia a emissão de faturas por serviços que não eram efetivamente prestados, a fim de criar uma faturação falsa em Portugal.

Os acusados cobravam valores que variavam de 375 a 5 mil euros, dependendo da complexidade do processo, e utilizavam escritórios de advocacia e contabilidade para facilitar o esquema. Além disso, os imigrantes eram obrigados a pagar uma taxa de 500 euros por cabeça pelo aluguel de quartos oferecidos pelo grupo.

A família condenada, que exercia controle sobre a hierarquia da igreja evangélica envolvida, é suspeita de ter criado cerca de 400 empresas fictícias e de ter trazido ilegalmente 150 imigrantes para Portugal, muitos dos quais frequentavam os cultos evangélicos. Segundo as autoridades, os recrutamentos ocorriam principalmente entre os membros da própria congregação, e alguns imigrantes até foram trazidos da Bélgica, onde a rede também atuava.

Uma das maiores operações contra uma igreja evangélica ocorreu em janeiro de 2020, quando o SEF deteve três pastores após buscas em três centros da congregação Assembleia de Deus, localizados em Cascais, Montijo e Amadora. Em um desses locais, foram encontrados 30 fiéis em condições precárias, com falta de higiene e acomodações inadequadas. As vítimas estavam pagando 400 euros mensais à igreja, que alegava estar prestando “ajuda humanitária”.

Atualmente, as autoridades estão investigando outro grupo religioso na região de Sintra, suspeito de estar envolvido em negócios ilegais de lavagem de dinheiro relacionados a uma rede internacional de tráfico de diamantes. O pastor e um primo, militar da GNR, são acusados de usar contas bancárias da igreja para receber e transferir dinheiro para um grande grupo de suspeitos, alvo da unidade de contracorrupção da PJ. Nos últimos dois anos, também foram realizadas detenções de pastores evangélicos em Vila do Conde e no Seixal, acusados de explorar mais de 100 vítimas no tráfico de seres humanos.

Em resposta a essas acusações, a Convenção das Assembleias de Deus em Portugal emitiu um comunicado oficial, destacando que não reconhece esses casos e lamentando as ações de supostos pastores que usam o nome “Assembleia de Deus”. A convenção se colocou à disposição das autoridades para colaborar no que for necessário para esclarecer esses incidentes.

O presidente da direção da Convenção das Assembleias de Deus em Portugal, Pr. Paulo Branco, expressou sua consternação com as ações desses indivíduos e enfatizou a disposição da convenção em ajudar nas investigações para evitar que tais práticas continuem ocorrendo.

As investigações estão em andamento, e o caso continua a atrair a atenção tanto das autoridades como do público em Portugal e além de suas fronteiras. O Blog do Rodini continuará acompanhando o desenvolvimento deste caso e fornecerá atualizações conforme novas informações se tornem disponíveis.

 

Leia, a seguir, a Nota da Convenção das Assembleia de Deus em Portugal, publicada no Facebook:

“A Convenção das Assembleias de Deus em Portugal, fundadas em 1913 no nosso país, pessoa coletiva religiosa radicada e filiada na Aliança Evangélica Portuguesa, vem comunicar que esta Convenção representa Igrejas e pastores em todo o país e emigração, que não se revê em nenhum dos casos que saíram neste fim de semana nos meios de comunicação social, sobre supostos pastores que usam o nome de “ Assembleia de Deus”, e que estiveram ou estão envolvidos em crimes , tipificados na Lei Portuguesa, mas que não pertencem à nossa convenção.
Lamentamos que ditos, cidadãos, dizendo-se cristão e pastores pratiquem tais actos, indignos para alguém que se assuma seguidor de Jesus Cristo, contrariando o ensino Biblico.
O oportunismo dos mesmos para com os emigrantes, que os deveriam ajudar e não explorar é abominável. Colocamos-nos à disposição das autoridades para ajudar naquilo que for necessário e estiver ao nosso alcance.
O presidente da direção da CADP
Pr. Paulo Branco”

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